sexta-feira, junho 30, 2006

antónio e conceição

hoje estive com eles.aqueles, do amor incondicional. tinha tanto para lhes dizer, mas não disse nada. tantas lágrimas para verter, mas não caiu uma. tantas verdades para lhes contar, mas escondi-me outra vez. eles estão aqui por mim. só por mim. eu sei. mas não demonstro que o sei, finjo-me indiferente. vieram mostrar que,apesar de tudo, estão comigo. mas eu não mostrei que estou com eles, nunca o mostro. nem fiquei nervoso. cheguei. beijei, comi, fiz tempo e vim-me embora para o meu canto. aqui estou bem. até logo. não sei o que fiz para merecer isto. nem consigo perceber o que eles fizeram. nada. ou demais.amaram demais.

quinta-feira, junho 29, 2006

2º andar esq

e pronto, já está. Então o algarve, está bom, Sim, senhor, não tenho ido lá muito, E você, sente-se melhor, Acho que sim, A tristeza já passou, É intermitente, depende dos dias, Muito bem, e as ideias de suícidio, tem tido, Ultimamente nem por isso, Então está melhor, Estou diferente, Não pode parar a medicação, não se esqueça, Concerteza, senhor doutor, Então e drogas, Não, nada, Álcool, Só de vez em quando, Um copito de vez em quando não faz mal, não pode é abusar, Claro, Vai de férias, Acho que sim, Para o algarve, Em principio, Vai para que praias, é que eu conheço muito bem o algarve, Sei lá, para uma qualquer, Então vemo-nos em setembro, força e tome lá a receitinha, Muito obrigado senhor doutor, Força, Obrigado.

quarta-feira, junho 28, 2006

cor de vinho

bebo um por ti, amiga.ou muitos.

jesi

hoje não sei o que escrever. nem sequer o que pensar. a mãe da minha amiga já não está cá. podia por-me a conjecturar sobre o sentido da vida, sobre a efemeridade das coisas, sobre a fragilidade do ser, mas não consigo. não sei o que pensar. ainda não falei com ela. não sei o que dizer.nada do que eu diga fará a minima diferença. a mãe da minha amiga já não está cá. não sei lidar com isto.não sei. espero que ela esteja bem.sei que não está. sei que ela é forte, isso eu sei. tenho de falar com ela. mas sei que as palavras nada dizem. o que eu queria era dar-lhe um abraço, apertá-la.


isto foi escrito por um padre jesuíta. todos os dias leio estas palavras.todos.minutos de sabedoria

imbecil

acho que se calhar estou melhor. pelo menos ando com vontade.pouca, mas alguma. obrigado, não sei bem a quem, mas a alguém, não a mim. estou a começar a entender que preciso dos outros. e isso é bom, é muito bom. sinto-me religado. não está tudo bem, mas começo a pensar que talvez não esteja tudo mal. e acreditem que essa assumpção é algo de extraordinário para mim. afinal se calhar há coisas que fazem algum sentido. se calhar tenho coragem para estar vivo.se calhar. só haver uma hipótese já é bom, muito bom. se calhar ando enganado, errado. se calhar. quero tanto ser um imbecil equivocado. não quero ser um clarividente autocentrado que acha que tudo é preto no branco e que nada há a fazer, que nada vale a pena. quero ser um imbecil que se alegra com coisas insignificantes. porque não há mais nada. vamos ver amanhã.

terça-feira, junho 27, 2006

múltipla escolha

borderline, esquizóide, esquizótimico, histriónico, somatoforme, ciclotímico, esquizofrénico, psicótico, obsessivo compulsivo, depressivo, disformista, narcisista, ansioso, psicopata, bipolar, fóbico, paranóico, neurótico, anti-social, anormal. escolham um que eu não consigo.

egoísta

isto de ser um doido depressivo tem muito que se lhe diga. para além do rol infindável de pensamentos, comportamentos e sensações que vêm embrulhados no pacote, o sentimento que mais perdura,mais mói, mais fura, é a solidão.absoluta.estamos tão imersos nas águas do nosso pensamento que tudo o resto deixa de existir, e no entanto a força da sua existência esmaga-nos. ninguém entende, ninguém percebe, eu tenho consciência das coisas num patamar a que ninguém acede, eu sou louco- este é um dos pensamentos padrão. e aos poucos vamos conhecendo pessoas que sentem o mesmo, que te fazem sentir que não estás sozinho na insanidade. e reconhecendo a tua miséria nos olhos de outro, sentes-te humano outra vez. a tragédia foi semeada ao vento, espalhou-se por aí. e não te sentes tão sozinho. a desgraça do outro faz-te sentir melhor. tanto mal não te calhou só a ti, ó pretensioso. o que é que isto diz sobre a natureza humana? dir-me-ão que é normal? pior ainda.

15 anos

hoje encontrei no meio da tralha uma coisa esquisita que escrevi quando tinha 15 anos.reparem

obscura clarividência que ofusca
um ardor que em mim se aloja
sentido esta alma busca
num destino que a enoja
o querer não é mais que sonhar
o sonho mais não é que vontade
o desjo perde-se no aceitar
da negação da saudade
e o ser sente-se perdido
na infinitude da espera
perde a noção do sentido
pensando em ti desespera
é o fim do caminho já traçado
o principio de um por traçar
com linhas rudes é desenhado
traço brusco irregular

eu já não sei o que isto quer dizer, ou pelo menos o que queria dizer na altura. toda a gente tem a mania que é poeta. o ridiculo tem um encanto singular, não é?como é melhor ser ridiculo aos 15..


quinta-feira tenho consulta. já estou ansioso. detesto aquilo. a sala de espera, no entanto, é o ex-libris do surreal. é impossível sentirmo-nos sãos no meio daquela gente. engraçado não é, "aquela gente", como se fossem seres que não encontrariamos em lado nenhum senão ali, sentados naqueles sofás gastos, a ler revistas com data do ano passado com a sofreguidão a que nos obriga a espera. até freiras lá estavam no último dia que lá estive. ora isto é de tirar a fé a qualquer um. não quero ver gente de fé ali, senão questiono-me se a fé serve realmente de alguma coisa. adiante.

vai-me perguntar como estou, Então andré, como é que isso vai, e eu não sei. não sei mesmo como vai. acho que não lá muito bem. mas já esteve pior.acho. provavelmente vou dizer que estou melhor, que vou andando, só para não me chatear muito. ele pensa que eu sou transparente, mas eu acho que ele é muito mais do que eu. para ele não sou mais que esta foto, um rosto, mais um que ele pensa que lê com a facilidade de uma freira a ler revistas do ano passado. quinta-feira tenho consulta. pode ser que ajude.

sexta-feira, junho 23, 2006

opiniões

se aparecer aqui algum esótérico ou psicológo de pacotilha, ou dos outros com diploma na parede, opinem sobre o significado deste sonho,aceitam-se qualquer tipo de interpretações

quinta-feira, junho 22, 2006

sonhos

tenho uma capacidade inata de me recordar nitidamente do que sonho todos os dias. E olhem que isto não é bom, quem me dera não me lembrar da maior parte deles. hoje sonhei que estava num centro comercial, á porta um cigano pede-me um cigarro, Have you got a cigarrette, ao que eu respondo de forma abrupta,Não tenho tabaco, ele ofende-se e diz, Deves pensar que és melhor do que eu, palhaço. vou ter com ele e explico-lhe que não acho nada disso, Estou apenas maldisposto, dou-lhe um abraço e ele cheira mal. afasto-me uns metros e dou por mim numa floresta dde contornos alienigenas, com uma flora que nunca vi em lado nenhum. estou perdido e começo a ouvir música, sigo o som, e por detrás de uma árvore encontro o Gomo a tocar guitarra e cantar. O Gomo aqui sozinho, penso eu, e escondo-me num arbusto onde estão uma adoráveis criaturinhas semelhantes ao pirilampo mágico a dançarem alegremente embalados pela música. quando dão pela minha presença no meio deles, ficam muito incomodados e fazem-me sinais para eu sair dali depressa, assusto-me e dou um enorme salto na direcção do arbusto mais próximo, que era na verdade uma espécie de cacto. dou um grito de dor e todos olham para mim, começam a tirar os fatos de criaturinhas adoráveis e dizem, Estamos a filmar, estragaste tudo, Estraguei tudo, digo eu, Olhem como estou, o que me fizeram, gemo de dor e vou-me embora aborrecido por ninguém me tirar os picos dos braços. Nisto, encontro os meus pais e o meu irmão , a fazer as malas, numa auto caravana, Despacha-te, dizem eles, vamos para o brasil.Não quero ir para o brasil, penso, é perigoso.Surge o meu irmão com uma lagartixa nos braços, Olha só, o meu lagartinho brinca com o gato, e deleito-me a ver o lagarto a lamber o gato, ao que este responde na mesma moeda. Que bonito, que animais tão amigos. De repente o lagartinho já não é um lagartinho, é um lagartão, Que gordo, como cresce depressa, digo á minha mãe. agarro no gato e penso que feliz que ele deve ser, tem um amigo novo. Olho com mais atenção e reparo que lhe falta uma pata, entro em estado de puro horror e grito, Mãe o lagarto comeu a a pata do gato, já não vou para o Brasil.

ode ás benzodiazepinas

Ah benditas sejam! pequenos momentos de paz com nome indecifrável, pequenos abraços breves, pequenos afagos, sublimes beijos quentes. As melhores coisas do mundo Vêm sempre em embalagens pequenas e do material ao inteligível é um diminuto pulinho. meus melhores amigos estão todos encaixotados e vivem só para mim. eu sou o seu último reduto, a razão da sua existência e retribuo-lhes com infinito amor. breve mas plena de sentido é a sua vida.

"one more medicated peaceful moment"
"O caos é uma ordem por decifrar" - Livro dos Contrários

quarta-feira, junho 21, 2006

poeta urbano anónimo

"Águas! quando tomais a decisão de andar para cima?"

terça-feira, junho 20, 2006

right where it belongs

"what if everything around you
isn`t quite as it seems
what if all the world you think you know
is an elaborate dream
and if you look at your reflection
is that all you want tobe
but if you could look right trough the cracks
would you find, find yourself afraid to see
you couldn´t be this illusion
you can choose to believe
you keep looking but you can`t find the one
are you hiding in a dream" - nine inch nails

mais do mesmo


ai ai que o dia não está a correr bem. tenho de entregar dois trabalhos amanhã e já me pus a beber. foda-se. peço desculpa pela linguagem vernácula, mas isto não está fácil. o ócio é mortal, corrói.já vejo o fundo da garrafa outra vez. como diz o outro, o que eu queria era ser um gato.

palinho e palinha


o palinho vai casar. vai pôr um anel no dedo e outro igual vai para a mão dela. porque é as pessoas se casam? porque estamos sozinhos e queremos uma testemunha da nossa vida. sim, uma testemunha como essas que são precisas para que algo tenha acontecido. se ninguém viu, não aconteceu. As pessoas são assim. todos precisamos de alguém que esteja connosco ao longo das nossas vidas, alguém que responda - sim, estive lá, eu vi, foi assim- uma testemunha. acho que o palinho achou a dele. estou feliz. porque se alguém está disposto a ser esse alguém e que o outro o seja para si, deve ser isso o amor. incondicional partilha de uma vida- é a maior prova de todas, o maior sacrificío e a melhor prenda. Amem-se muito, sejam ambos testemunhas de duas vidas numa só, uma que vale a pena, juntos. Parabéns, amigos!!

segunda-feira, junho 19, 2006

casa



isto é uma casa. melhor, isto é um tecto. são paredes, é cimento ou se calhar pedra ou outra matéria qualquer. mas não é uma casa. uma casa tem forçosamente de ser outra, coisa, ou então andamos todos enganados. diz a populaça que casa é onde nos sentimos em casa. então o que é isso de se sentir em casa? deve ser sentir que estamos onde pertencemos, de onde viemos, para onde vamos. unos, quentes. bom ,então quando nos sentimos em baixo há sempre um par de gente que te quer bem que te diz
Tens de sair de casa..
Apetece-me estar em casa,
fica para depois, outro dia
Anda, se saíres vais-te sentir
melhor
Tenho coisas pra fazer
Pronto, tu é que sabes, depois
logo digo qualquer coisa

auto retrato


dá-me um balão para fugir daqui. Dá-me um veículo qualquer mais forte e mais rápido que as minhas pernas trémulas.quero fugir. só o vinho já não serve. tem pernas curtas ,leva-me e traz-me demasiado depressa. leva-me daqui, para outro lugar, outro lugar, um qualquer melhor do que este. este não presta, cheira mal. É feio. tenho um encontro marcado comigo há demasiado tempo para ainda não o ter concretizado. fazer a barba é uma seca. acordar dói. já nem dormir serve. quero conhecer outro lugar. leva-me daqui.

manifesto narcisista


Eu não sou o meu umbigo.Eu não sou os meus braços nem as minhas pernas. Não sou o meu cabelo nem os meus pêlos, nem as minhas unhas nem os meus dedos. Nem sequer os dentes ou as rugas que marcam o tempo, não sou as minhas costas nem os meus sinais, nem a minha voz nem sequer a minha respiração. Nem estrias nem músculos, nem gengivas nem lábios.Não sou a minha testa nem o queixo, o maxilar e as orelhas, os poros e a pele. Não sou os meus sonhos nem a realidade.Não sou a minha cama nem os meus pensamentos. Não sou da minha idade nem de idade nenhuma. não estou vivo nem estou morto, não estou a dormir nem acordado. Eu sou tudo e sou nada. E sou tu e tu és eu.Não sou uma imagem nem uma idéia, o silêncio ou o ruído. não estou ébrio nem estou sóbrio, nem sou carne nem sou espírito. Eu sou tudo e sou nada. não estou aqui nem ali, não existo e sou tudo o que existe. não choro nem rio, não morro nem vivo, não odeio nem amo, não gosto nem deixo de gostar. estou sozinho e com toda a gente, gosto de ti e nem por isso.Sou tudo e sou nada. Sou bonito e sou feio, sou magro e sou gordo, feliz e miserável, afortunado e desgraçado, velho e novo. Sou teu amigo e não sou amigo de ninguém. já te amei e não sei o que é o amor. Sou um milagre e uma tragédia. Não gosto de estar vivo nem quero morrer. Não gosto disto nem daquilo. eu sou Tudo e eu sou Nada.

sábado, junho 17, 2006

Prematuro Imaturo